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31/03/2023

Entrevistando Marcos Piangers sobre o poder do “eu te amo”

O Piangers você já conhece por seu título oficial de papai pop. Porém, em seu novo trabalho, O poder do eu te amo você vai descobrir um novo lado do autor, muito mais sensível e com grande potencial transformador de vidas.

Nesta entrevista, conversamos com Marcos Piangers sobre o lançamento do livro “O poder do eu te amo”, já disponível nas maiores livrarias de todo o país.

 

BL: Hoje, o vídeo “O poder do eu te amo” possui mais de 50 milhões de visualizações no Facebook e outras redes sociais. No momento em que o vídeo foi publicado, você já imaginava a repercussão tão calorosa que a mensagem teria por todo o país?

P: Esse foi um texto muito difícil de ser escrito porque ele conta algumas passagens e algumas situações em que a expressão “eu te amo” teve um impacto muito grande nas pessoas que me cercam.

Primeiro, em uma amiga que ouviu das minhas filhas que o “eu te amo” é muito importante para que seus filhos a achassem bonita. Depois, a minha madrinha – quando eu disse “eu te amo” para ela – e ela começou a me responder “eu te amo também” de forma muito efusiva e emocionada. Depois a minha esposa, quando eu comecei a me expressar e dizer “eu te amo” e fortaleceu nosso relacionamento. E o meu sogro, pai da minha esposa, que ouviu “eu te amo” da minha filha e teve muita dificuldade para passar adiante.

A expressão de amor, a expressão de afeto e verbalizar esse sentimento é muito desafiador. Muitas pessoas das gerações anteriores e da nossa também não foram educadas para expressar seus sentimentos. Foram educadas para esconder seus sentimentos. Por conta disso, nós vivemos em uma espécie de prisão, em que muitos relacionamentos não dão certo, muitos contatos familiares e afetivos se tornam distantes, amigos que não se falam há anos não conseguem travar novamente um relacionamento e um contato. E tudo isso porque a gente basicamente não é educado pra se abrir e mostrar os nossos sentimentos.

A culpa disso é o nosso medo de ser vulnerável. A gente tem medo de ser fraco, ser sensível, de se abrir e baixar a nossa guarda e que o nosso interlocutor não baixe. A gente tem medo de mostrar os nossos pontos fracos. E a sensibilidade, infelizmente, na nossa sociedade é considerada um ponto fraco.

Então, da mesma forma que as pessoas se sentem vulneráveis quando dizem “eu te amo”, eu me senti muito vulnerável quando eu escrevi esse texto, e me senti vulnerável quando fiz esse vídeo. E como todo vídeo que me deixa vulnerável e que me deixa com a guarda baixa, eu pensei: “Poxa, vou deletar esse vídeo, poxa, tô me expondo demais, poxa vida e se alguém me interpretar mal? E se alguém achar que eu tô sendo muito emotivo? E se alguém achar que eu tô sendo muito fraco, e que eu deveria ser mais forte?” E por pouco eu não apaguei o vídeo!

E que bom que eu não apaguei, porque depois que o vídeo encontrou 50 milhões de pessoas no Brasil e no mundo, eu recebi muitas mensagens tocantes de pessoas que tiveram sua vida transformada. Um exemplo: essa semana mesmo eu estava em Congonhas e um cara me parou, era um executivo de terno, e disse: “Você revolucionou o meu relacionamento com meu pai, ele nunca me disse eu te amo e ele me mandou o seu vídeo pelo WhatsApp e agora voltamos a nos falar de forma mais emotiva, mais próxima, mais carinhosa, mais afetuosa. E ele já está com seus 76 anos e quer restabelecer uma conexão.” E eu achei muito bonito, um executivo quase chorando, no meio de Congonhas lotado, uma sexta-feira de noite e ele me disse: “Cara, muito obrigado, você deu um super presente pra minha vida.”

Então que bom que eu fui vulnerável, não apaguei o vídeo e venci esse medo meu de falar de sentimentos e outras pessoas estão vencendo também junto comigo.

 

 

BL: O design gráfico do livro é assinado pelo reconhecido designer brasileiro Fabio Haag, que desenhou a fonte das Olimpíadas Rio 2016. Como foi participar do processo de adaptação de uma experiência audiovisual, que é o vídeo do qual a obra é inspirada, para palavras no papel que transmitam a mesma mensagem?

P: O Fabio é uma das pessoas mais sensíveis, um dos pais mais carinhosos e atenciosos que eu conheço. E portanto, quando a ideia de transformar o vídeo em livro surgiu, eu imaginei que ele seria a pessoa perfeita. E eu estava certo, porque ele abraçou o projeto como se fosse o projeto da vida dele – apesar de ter feito grandes fontes e projetos para as maiores marcas do mundo e para as Olimpíadas do Rio 2016 – ele abraçou esse projeto como se fosse o mais importante da vida dele. E declarou que foi o projeto mais importante da vida dele.

Por essa declaração eu sou muito grato. Eu considero o Fabio um grande amigo, um dos homens mais corajosos de ter largado um emprego estável internacional, que o colocava em posição de chefia em um das maiores empresas de design do mundo. E ele largou tudo isso para estar mais perto da família e ter uma vida mais simples.

Nós acreditamos juntos e com uma intensidade muito alta que esse livro é uma espécie de uma materialização do amor. Materialização da capacidade de falar “eu te amo” e de se abrir com as outras pessoas e dizer: “Eu estou hoje aqui na sua frente, abrindo meu coração e dizendo que eu quero muito que você fique perto de mim. E pode ser resumido em 'eu te amo'."

BL: O livro menciona que "O eu te amo constrange, mas também liberta." O que você diria para as pessoas que ainda não se convenceram do poder que essas meras 3 palavras exercem? É possível viver uma vida realmente plena sem nunca dizer "eu te amo"?

P: Eu escuto de muitos jovens e adultos hoje em dia, que os pais de outras gerações e mais severos e distantes falavam “eu te amo” de outras formas.

Era o pai que colocava o mosquiteiro para todos os filhos antes de dormir, era o pai que soprava o tênis da filha antes dela colocar o pé para que ele estivesse mais quentinho e o pé não ficasse gelado, era o pai que fazia um carinho na cabeça do filho ou que levava para passear e tomar um sorvete de vez em quando. E mesmo assim, nunca conseguiu verbalizar o “eu te amo” para os filhos.

Uma geração mais distante realmente tinha essa dificuldade e esse distanciamento. Mas o que acontece é que esse filho e essa filha ficam o tempo todo querendo entender: “Será que meu pai realmente me ama?”. Quando você não verbaliza, você não materializa, você não entrega solidez naquilo que você sente.

Eu acho que não basta só o mosquiteiro, o sopro no tênis. É importante que você diga, caso contrário, o resto da vida os seus filhos vão ficar procurando e tentando entender se aqueles sinais são de amor ou se não representam nada.

É importante as palavras e elas constrangem, sim, porque elas não são comuns e te tornam vulneráveis. Mas são importantes de serem ditas, são importantes de serem solidificadas e materializadas. É importante porque é como assinar um contrato. Quando você diz “eu te amo”, você está assinando. “Eu te amo” não é “bom dia”. “Eu te amo” não é “Oi, como vai?”. É mais importante, é mais forte. E para assinar esse contrato tem que ter coragem e muitas vezes isso constrange.

Por isso, você que diz: “Não, poxa, eu levo ele para passear, pra tomar sorvete, eu ponho o mosquiteiro antes dele dormir.”. Isso não é o suficiente. É importante que você diga, que você verbalize e que fique claro para outra pessoa.

 

BL: Você pode compartilhar conosco alguns depoimentos que recebeu de pessoas que se emocionaram com o vídeo? O que eles normalmente possuem em comum?

P: Bom, acho que o que todos eles possuem em comum é o poder da transformação. Isso que é o mais importante. Não adianta eu escrever um livro, fazer um vídeo, escrever um texto, falar sobre “eu te amo”, não adianta nada você receber esse vídeo no WhatsApp, receber de presente esse livro, dar de presente esse livro, se junto com tudo isso não vier uma transformação e uma capacidade de repensar o que você faz e se esforçar para ser melhor, um homem melhor, uma pessoa melhor. Um pai melhor, uma mãe melhor.

São vários depoimentos e todos eles falam de transformação. Falam sobre como uma criança, um jovem entendeu melhor o pai. Sobre como um pai entendeu a importância do “eu te amo”. Sobre com um marido entendeu a importância de verbalizar para a esposa. Sobre como uma verbalizou isso para a mãe com Alzheimer avançado e ouviu pela primeira vez um retorno, uma emoção e um choro, ali no hospital.

Acho que o que todos têm em comum é a transformação.